Já escrevi e apaguei mais de dez vezes nesse papel. Ausência, acho que é essa a palavra que melhor descreve o meu espírito. Ausência de criatividade, ausência de vontades, ausência de palavras, ausência de expectativas. Me arriscaria a dizer ausência de cores, mas ando me maquiando mais que o normal, deve ser algum mecanismo de defesa tentando camuflar a ausência de cor na minha alma. Engraçado falar de alma, de estado de espírito. Nunca gostei disso, nunca gostei de escrever sobre coisa triste. Mas acho que nem é tristeza. É só ausência mesmo. Até mesmo ausência de tristeza. De uns dias para cá, minha vida tem sido assim: rotina. E como me perturba essa ausência de fatos surpreendentes, de ligações inesperadas, de comentários inoportunos. Tem acontecido tudo certinho, sem nenhuma mudança - seja ela drástica ou pequenininha. Me sinto ausente, sabe? E isso soa como o maior drama dos últimos tempos, mas, juro, é assim que me sinto. Ausente da vida das pessoas que são importantes para mim, ausente das minhas metas, ausente de mim. Como se eu tivesse tirado férias de mim mesma.
Complicado. Dramático. Ridículo. Necessário. Não sei adjetivar o sentido de escrever tudo isso. Mas precisava dizer dessa ausência, precisava reivindicar uma presença - real ou não. Uma vez li um trecho que nunca pensei que se adequaria a minha vida, mas hoje vejo que não há, de fato, nada "mais autodestrutivo que insistir sem fé alguma".
P.s.: Ainda há, sim, fé em Deus, fé na vida, fé nas pessoas. Diria que esse texto foi mais um desabafo-ridículo-dramático-complicado-mas-muito-necessário.
P.s.2: Carol, te decepcionei com o texto. Mas prometo tentar voltar mais criativa, com mais palavras e mais doçura. Um beijo pra você! =*